Sunday, July 10, 2011

Rede Social

Quando o orkut foi criado, em pouco tempo virou quase um monopolio brasileiro. Quem experimentou os dois mundos, o de dentro e o de fora do Brasil, entende perfeitamente o porquê. O brasileiro, mais que qualquer outro povo que eu conheça, é extremamente sociavel, aqui todo mundo se encontra, se conhece e troca informacoes pessoais em três minutos, como se fosse um facebook do mundo real!


Ontem fui comprar uma Veja na livraria Saraiva. Chegando ao caixa, a mocinha me perguntou se eu queria a nota fiscal e eu estava sem meu CPF, que, é claro, nao uso fora do Brasil, e por isso nao decorei. Como aqui todo mundo memoriza o seu, alguém que nao o faça parece meio limitado intelectualmente e para nao acharem que sou burra, eu logo explico que nao uso muito, que moro fora;  dai a conversa partiu naturalmente para onde eu morava, e a Luana (oi Luana, se você estiver lendo!), muito simpatica, me contou que esta' pensando em ir estudar Historia de Arte na Italia daqui a uns anos, quando terminar seus estudos, que tem amigos la, eu contei onde morava, que estava voltando, que tinha um blog contando como tem sido essa volta, etc e que ela podia me adicionar no Facebook, que la tinha o link para o blog. Tudo isso em um pouco mais de 3 minutos e assim, naturalmente. 


Além desse contato social tao facil, ontem fiquei maravilhada com uma Brigadeiria. Ja tinha me apaixonado pelas agora tao comuns Temakerias. Essa reatividade do brasileiro em criar negocios rapidamente, e a resposta do povo que adora novidades, tudo isso sempre me surpreende ao mesmo tempo que me parece natural, afinal eu também, la fora, sou das primeiras que vao experimentar algo novo enquanto muitos ainda estao esperando a opiniao dos outros. Nao sei direito explicar de onde vem essa sede de novidade que é tao pronunciada na gente, sera que é porque nao somos desconfiados e vamos inocentemente testar tudo o que aparece? 


Nesse ponto o Brasil parece os Estados Unidos, assim que algo cai no agrado no povo, a gente cria um negocio e explora esse caminho muito mais rapidamente que na velha Europa, onde sempre achei que faltava nao iniciativa, mas rapidez e uma certa facilidade de romper tradicoes. Croissanteria nao tem nem na França, pode? E tem aqui. Também nao vi um Chucruteria na Alemanha, mas nao me espantaria se no futuro inventassem uma no Brasil, caso a chucrute venha a se popularizar :)


O que eu acho mais ainda interessante é esse lado do brasileiro que gosta de se modernizar, claro, como todo mundo, mas muito mais rapidamente às vezes que a estrutura do pais permite. A gente faz a lei antes de estudar a infra estrutura, e é por isso que com frequencia fica dificil implementar essas leis otimas que o pessoal bola. Por exemplo, espera limitada nos bancos. Eu sei que a lei existe mas nao impediu o Banco do Brasil de SV de me fazer esperar 4 horas por um atendimento. Ou agora a lei de internet gratuita nos aeroportos, sera que foi uma idéia que alguém teve durante uma horinha em que esperava o aviao num aerporto qualquer do Brasil? Porque em aeroportos la fora nao tem internet gratuita, o maximo que vi foi uma hora gratuita depois de responder a um questionario, ou algo assim. Mas estou falando de alguns aeroportos, nao todos, claro, e de leis que exigem isso deles. Acho a idéia otima! Nunca tive tanta internet gratuita como no Brasil, e adoro. Alias nos divertimos ha 5 meses andando de carro em SP e vendo os nomes que as pessoas dao às suas conexoes internet, quando o celular captava os roteadores dos prédios em volta. Tentei em Paris e nao consegui ou so vi coisa normal, tipo o sobrenome da pessoa e um numero. Ninguém coloca nomes engraçados como no Brasil. 


O unico bemol do dia na verdade nao me chocou, porque embora eu esteja fora ha duas décadas, nunca deixei de saber que vivemos numa sociedade muito desigual, e por isso quando vi um garotinho até bem vestido pedindo para pagarem algo pra ele comer no Café da Livraria Saraiva, me lembrei que mesmo como todas as melhorias do pais, toda a riqueza chegando, ainda temos muito o que fazer. O brasileiro ja entendeu que pais rico é pais sem pobre, ao menos sem pobre totalmente abandonado a si mesmo. Porque pobres sempre vao existir, mas é como a gente os ajuda que faz a diferença entre os desenvolvidos e o resto.

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